sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Eu quero ir...

 Esta é minha oração para o vento, para o tempo, para o destino - Eu quero ir. Estou pronto. Quero que vocês, forças que regem o universo, levem embora este sentimento que aprisiona o meu peito. Que me asfixia enquanto sorri um riso amarelo de um passado glorioso, mas que se dissolveu e hoje escorre pelos meus olhos. Quero me perder no fluxo dos dias, das horas, das multidões. Quero me reencontrar. Quero me esquecer de me lembrar de alguém me preferiu ser uma doce-ácida lembrança de dias imperfeitamente perfeitos que jamais verão o sol nascer de novo.

Durante muito, muito tempo, me atirei em frente aos tiros que a vida disparava contra quem amei.
Tenho marcas por todo corpo, principalmente no peito. Defendia com unhas, dentes e palavras.
Usava o meu amor de escudo, de ninho,de abrigo. Mas, quando a chuva passou e o sol abriu, todos os pássaros voaram para novos peitos. Já não existiam mais asas quebradas, patas e sentimentos feridos. Todos inteiros resolveram inteirar-se de como era a vida vista dos céus.

Estou pronto. Eu quero ir. Quero correr para o mais longe possível dessa história. Sempre tive um quê de premunição. Um sexto sentido aguçado. Estou, neste momento, prevendo o caos que ainda irá se instaurar. a diferença é que agora, não tenho mais a opção de abraçar o olho do furacão e fazer dele um lugar de paz. ou melhor, não quero. Estou partindo sem malas, pois optei por deixar tudo exatamente onde está. dei as costas e estou indo embora. Não quero presenciar os estampidos porque sei que se fizer isso, os estilhaços irão ricochetear em cima de mim.

Já paguei tempo demais por escolhas que não foram minhas. já passei da fase de querer corrigir os meus erros - estou abraçado om cada um deles. De conchinha com os meus acertos. Tudo que sou depende de tudo que fiz. sou grato por isso. Agora eu quero ir. Estou pronto. Estou pronto para não me importar em perder uma possível grande história ou o maior amor que já senti. E dai? Ninguém me disse que eu poderia ter tudo.
E, francamente, já não tenho mais nada. Perdi as esperanças de ter o que já não faz parte mais do meu agora. Eu já fui. Estar pronto não faz mais diferença.

Texto: Matheus Rocha (@neologismos)

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